Quando falamos sobre projetos arquitetônicos, a iluminação é um dos pontos mais importantes. Por si só, ela é capaz de valorizar um ambiente. Isso ocorre porque, como já explicamos aqui no Blog InstaCasa, a iluminação natural e a artificial andam de mãos dadas. Quando o arquiteto projeta uma casa, ele leva em consideração a iluminação natural, isso é, a incidência do Sol na residência, e, também, pensa na luminotécnica dos espaços internos. É necessário que haja a quantidade correta de luz em cada ambiente para atender às necessidades dos moradores e garantir todo o conforto visual esperado em projeto.

Pensando em aprofundar esse assunto para você, querido(a) leitor(a), convidamos, para um #PapoDeEspecialista, o arquiteto Rafael Sanches, que trabalha como Arquiteto de Iluminação no Grupo Athié Wohnrath, para um bate papo sobre iluminação artificial na arquitetura, bem como sobre eficiência energética. Você está pronto para aprender um pouco mais? Vamos lá!
Como a iluminação artificial é capaz de afetar um projeto residencial?
“A iluminação artificial pode permitir que o uso de um determinado ambiente seja adequado ou seja completamente inviável e desconfortável. Através dessa iluminação, você tem a viabilidade de uso de um espaço ou o completo desconforto. Por exemplo: imagine que você tem um dormitório com excesso (ou escassez) de luminosidade. Então, ou você tem muita luz ou pouca luz. E, no dormitório, muitas vezes, você lê, assiste televisão ou até mesmo estuda. E em ambientes residenciais, as áreas são multifuncionais. Então, a iluminação consegue converter cada uma das áreas ao seu uso. Nem excesso, nem escassez de luz, são ideais para um ambiente residencial. Para cada atividade que será desenvolvida em cada cômodo a gente tem uma demanda com relação à quantidade de luz, à temperatura de cor, direção da luz e, assim, sucessivamente”, explicou Sanches.
Ainda conforme o profissional, um projeto de luminotécnica feito de forma equivocada é capaz de afetar diversos aspectos da vida dos moradores da casa. “As atividades ficam muito mais desagradáveis e pouco práticas. A falta (ou excesso) de luz pode gerar irritabilidade, dificuldade de visualização e assim por diante. Tudo isso impacta a qualidade com a qual vivenciamos a rotina em nossas residências”, citou.
“Mais um exemplo prático que podemos citar é a vida pós-pandemia. Muitas pessoas estão em home office, e muitas alegam não conseguir desempenhar suas atividades com eficiência por conta da iluminação. Seja por conta da quantidade de luz em uma determinada área e/ou, também, por conta do contraste. Não adianta você ter uma iluminação horizontal na mesa, por exemplo, e o entorno estar completamente escuro. Esse contraste excessivo é ruim”, contou.
A iluminação artificial é um ponto essencial para o conforto dos moradores da casa?
Como entendemos no item anterior, a iluminação impacta a vida dos moradores de uma casa de diversas formas. De acordo com o profissional, “quando o arquiteto vai pensar em um projeto residencial, é importante levar em conta para além do óbvio ao qual se destina uma residência. No caso, o que mais essas pessoas fazem em casa. Então, temos casos em que moradores sênior precisam de uma circulação segura, com uma boa iluminação, com uma noção de profundidade dos planos, uma minimização de riscos domésticos. Ou, então, se eu tenho estudantes morando em uma residência e, consequentemente, precisam gastar mais tempo estudando e fazendo deveres, preciso pensar em um espaço ideal para eles”.
“Então, para que a iluminação esteja adequada ao espaço, eu preciso entender o que essas pessoas fazem. Se eu tenho uma família em que os integrantes cozinhem por lazer e recebam amigos e familiares para cozinharem juntos, preciso ter um espaço amplo dedicado a isso, e fazer com que essa cozinha não seja somente um espaço de serviço, e sim um espaço de convívio social. Através da iluminação, posso incorporá-la a planos de trabalho, trazer elementos decorativos com iluminação… Tudo isso torna o ambiente mais agradável para o uso, e assim impactamos positivamente a vida daqueles moradores com a iluminação artificial”, sintetizou Sanches.

Quais os tipos de iluminação artificial existentes no mercado?
“Para falar sobre os tipos de iluminação artificial existentes no mercado, precisamos voltar um pouco no tempo. Recentemente, até há alguns 5 anos, a gente tinha lâmpadas fluorescentes tubulares, fluorescentes compactas, lâmpadas halógenas (diversos tipos), as incandescentes, vapor metálico, entre outras. Todas essas lâmpadas foram dando espaço para a tecnologia com LED integrado. Então, hoje, o que a gente encontra no mercado, são as ‘lâmpadas de LED’ (entre aspas porque o conceito de lâmpada prevê a emissão e a geração de luz através de formas analógicas). Trata-se de um equipamento que se parece com uma lâmpada, com o formato de uma lâmpada, mas que possui LED integrado. Esse tipo de lâmpada, que é um dos meios mais baratos para se ter iluminação – e que pese o fato de ter uma vida muito mais longa do que outros tipos -, possui vasto uso em ambientes residenciais”, explicou.
Além das ‘lâmpadas de LED’, outro recurso existente no mercado são as luminárias com o LED integrado. “Assim, você não precisa trocar as lâmpadas. Esse tipo de luminária possui uma vida ainda mais longa que as ‘lâmpadas de LED'”, sintetizou.
O mercado ainda disponibiliza outros tipos de iluminação artificial, como perfis com LED integrado, para incorporação de iluminação em marcenaria, paredes ou pisos.

Como utilizar esse tipo de iluminação na decoração de um ambiente residencial?
A gente precisa pensar a iluminação por camadas. Inicialmente, resolvemos a iluminação geral, que tornará o ambiente inteiro mais claro. Na sequência, olharemos para o ambiente residencial e pensaremos: ora, eu preciso fazer alguma coisa nesse espaço que exija mais luz? Se a resposta for “sim”, precisaremos fazer a chamada iluminação de tarefa.
“Um exemplo prático de iluminação de tarefa é o seguinte: você tem a sua cozinha e a iluminação geral da cozinha. Digamos que, ao cozinhar, na região da pia, você tenha menos luz, e é o local que você mais precisa de luz. Isso significa que você precisará colocar uma luz a mais ali. Ou, eventualmente, você tem uma bancada de estudo no seu quarto e percebe que é difícil estudar porque falta luz na mesa. Então, você se preocupa em colocar uma luminária de mesa”, exemplificou Sanches.
Outra camada de iluminação é a iluminação de destaque. “Se você estiver na sala, por exemplo, e tiver um painel de viagens em sua parede, ou um quadro que possui algum significado pra você, é o tipo de coisa que imprime a sua personalidade. Então, se quiser dignificar aquilo, ou destacar, faremos a chamada iluminação de destaque. Ela tem um viés um pouco mais decorativo, com um uso de engrandecimento estético”, resumiu o profissional.
Por último, existe uma camada de iluminação chamada mood light. Nela, você cria uma iluminação diferente, com uma atmosfera diferenciada, para uso relaxante do espaço. “Por exemplo, eu quero ter uma luminária decorativa, ou uma luminária de piso, que eventualmente será acesa para criar uma atmosfera meia-luz e isso será suficiente para eu permanecer conversando, fazer uma rodada de queijos e vinhos e receber outras pessoas de forma satisfatória. Essa também é uma forma de aplicar a iluminação artificial na decoração da casa”, citou o arquiteto.

Como é feita a medição de eficiência energética?
De acordo com o arquiteto, existem dois parâmetros para a medição da eficiência energética. “Podemos chegar à eficiência energética através de uma referência como eficácia, que é a relação lúmens por watts. Por exemplo, entre as lâmpadas antigas, temos a incandescente. Ela é uma das mais tradicionais. Ela tinha uma média de 800 lúmens, que é a unidade de emissão de luz, que era alcançada com o uso de 60 watts de potência. Então, temos a relação lúmens por watts muito baixa (dividindo 800 por 60, temos um total de 13,33). Outras tecnologias que vieram depois, como a florescente compacta, também com uma média de 800 lúmens, tinha 15 watts de potência, com uma eficácia muito maior. Hoje, as ‘lâmpadas de LED’ terão em torno de 800 lúmens, também, mas com o uso de somente 9 watts. Aqui, estamos falando de uma relação lúmen por watts muito mais eficaz”.
O outro parâmetro, para entender se o projeto, como um todo, está eficiente ou não, existe uma métrica (vale ressaltar: pouco utilizada em ambientes residenciais, mais comum em grandes projetos comerciais e corporativos) que é a análise de densidade de potência luminosa. “Para obter esse número, você soma toda a potência que você tem, relativa às fontes de luz (luminárias, luminárias decorativas, ‘lâmpadas de LED’, perfis de LED, balizadores etc.) e divide pela área útil de todo o espaço. A partir dessa divisão, você obterá uma quantidade X de watts por metro quadrado. Então, a partir disso, você terá a análise de densidade de potência luminosa”, finalizou.

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