Você sabe o que é um planejamento de obra, ou já viu um de perto? Ele é o primeiro passo para que você consiga se organizar financeiramente e processualmente sobre a obra da sua casa, que é, basicamente, aquele momento em que você tira o seu sonho do papel e passa-o para o terreno. No planejamento de obra que, por si só, já é um guia completo, são definidas etapas e fases da obra, com a combinação de diversas atividades fundamentais, como orçamento, cronograma e o posterior controle das obras.

Para falarmos um pouco mais sobre o assunto, a arquiteta e urbanista Julia Turella Roesler, que trouxe, neste #PapoDeEspecialista, todas as informações que você precisa saber sobre o planejamento de obra da casa dos seus sonhos.
Quais são as primeiras definições do planejamento de obra?
De acordo com a profissional da InstaCasa, o primeiro passo para criar um planejamento de obra é a definição de um orçamento. “Esse orçamento deve contemplar o valor total que o cliente pretende gastar, de forma realista e compatível com a renda do futuro morador da casa. Lembrando, sempre, de separar um valor para imprevistos, que podem vir a acontecer em uma obra, por mais bem planejada que esta seja”, disse.
Com o orçamento estabelecido, há a necessidade de uma conversa entre cliente e profissional para alinhar as expectativas e prioridades do projeto/obra. É por meio desta conversa e orçamento que o arquiteto (ou engenheiro) poderá criar e executar o projeto. “Para um planejamento de obra ser feito com qualidade, é extremamente necessário o acompanhamento de um profissional habilitado para tal. Isso ocorre porque, para um cálculo preciso de despesas, é necessária a definição e aprovação do projeto pelo cliente. Para que haja a maior precisão nesse cálculo e a diminuição de riscos no orçamento, é indicado que, após a aprovação final do cliente, não haja alteração no projeto durante as demais etapas para a realização do mesmo. Assim, sempre haverá a certeza de um orçamento seguro”, explicou Roesler.
Como os profissionais fazem o cálculo compatível com o orçamento definido pelo cliente?
É importante ressaltar que o setor de construção civil, desde o início da pandemia, vem passando por momentos de instabilidade, principalmente no que diz respeito aos valores dos insumos. De acordo com matéria publicada pela CNN Brasil, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), teve alta de 0,34% neste mês de março, depois de subir 0,61% em fevereiro. Esses custos envolvem diferentes aspectos, desde a compra de materiais que não são usados e geram desperdício, até a contratação de uma mão de obra que está sendo impedida de trabalhar por algum motivo, como a falta de material, por exemplo.
“Com o projeto em mãos, o profissional irá pesquisar os preços do mercado e calcular seus custos. Após essa pesquisa e seleção das melhores opções para o projeto, é necessário o recolhimento de orçamentos, desde mão de obra até produtos. Esses orçamentos devem contemplar as despesas diretas e indiretas de todos os prestadores de serviços, incluindo o serviço do arquiteto ou engenheiro responsável. O grau de complexidade para esse cálculo vai depender da particularidade e tamanho de cada projeto, podendo este ser desde um projeto de interiores até a construção de um empreendimento”, disse a arquiteta da InstaCasa.
Nesse cálculo, como já foi reforçado anteriormente, é importante existir uma margem para imprevistos da obra, que muitas vezes podem ser causados até mesmo por fatores externos. “Uma chuva forte, quebra de material… Tudo isso deve ser levado em consideração, uma vez que precisamos ter essa margem para que a obra fique realmente do jeito que o cliente quer”, exemplificou.
Vale ressaltar, também, que a regularização da obra precisa estar no orçamento. “Esse considerado um custo direto. Pois ele pode impactar no orçamento. O processo de regularização pode acontecer em conjunto com outras atividades, mas deve ser considerado no orçamento desde o primeiro momento possível”, resumiu.

Importância do cronograma físico-financeiro no planejamento de obra
O cronograma físico-financeiro, de acordo com Roesler, serve para estimar valores durante a execução da obra e em cada fase dela. Dessa forma, é possível diminuir gastos e desperdícios desnecessários, sendo estes, financeiros ou de prazos.
“O primeiro passo é analisar todo o projeto e separar, detalhadamente, cada fase para a execução da obra, tendo como base experiências anteriores similares. Ou seja, em cada fase da construção ou reforma, será necessário estimar uma ordem e um tempo para sua realização. É importante avaliar quais passos devem ser seguidos exclusivamente após a realização de etapas anteriores e quais fases da obra podem andar em conjunto. Exemplificando: a fase de construção de estruturas deve ocorrer anteriormente à fase de acabamento. Mas muitas execuções podem, em alguns casos, ocorrer juntas, como é o caso de pintura e marcenaria. Deve-se avaliar cada situação separadamente levando em consideração a particularidade de cada obra. Infelizmente, não há fórmula mágica”, explicou.
Seguindo a logística, o segundo passo é analisar quais dessas fases irão demorar mais e quais serão mais rápidas. Dessa forma, é possível estabelecer quais atividades podem atrasar e quais fases podem dar uma folga na obra. O terceiro e último passo é relacionar as fases da obra com seus respectivos custos. Esses custos já devem ter sido calculados anteriormente, logo após a aprovação do projeto pelo cliente, como já citamos. “Seguindo esses passos, agora, é necessário ficar atento aos valores e prazos que estarão no seu cronograma durante a execução do seu projeto”, resumiu.

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