O mês de setembro recebeu um significado especial quando falamos sobre saúde mental. Chamamos de Setembro Amarelo o Mês de Prevenção ao Suicídio, período no qual a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), reforça as campanhas acerca dos cuidados necessários com pessoas que possuem alguma espécie de transtorno psicológico (depressão, ansiedade, bipolaridade, entre outras).

O dia 10 de setembro é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, um combate a uma triste realidade que registra, no Brasil, todos os anos, pelo menos 12 mil casos, de acordo com dados oficiais da ABP. Por conta do momento pelo qual estamos passando, com a pandemia da COVID-19, pesquisas demonstram que os transtornos psicológicos têm aumentado neste período de isolamento social. Então, a equipe da InstaCasa juntou-se à campanha #SetembroAmarelo e traz, nesta semana, um #PapoDeEspecialista com a psicóloga Ana Carolina Molena e a arquiteta da InstaCasa, Nathalia Antunes, para debater o tema: como a arquitetura influencia na saúde mental?
Como cuidar da saúde mental nestes novos tempos?
Desde o início da pandemia e seu consequente isolamento social, boa parte da população tem passado mais tempo do que o normal dentro de casa, inclusive com home office. Como muitos hábitos mudaram radicalmente desde o início deste ano, principalmente no que diz respeito à relação do indivíduo com o ambiente em que vive, alguns cuidados com a saúde mental, própria e do próximo, devem ser tomados. “Nós somos seres únicos e vamos reagir às situações de forma única também. Então, não há uma lista mágica que indique quando uma pessoa está vivenciando uma crise suicida. Ainda assim, a pessoa que está em sofrimento pode apresentar alguns sinais, como isolamento, desinteresse por atividades que antes lhe davam prazer, alteração no sono e na alimentação, além de alterações de humor. Se houver um ou mais desses sinais, é necessário buscar ajuda”, explica a psicóloga Molena.

Na InstaCasa, é responsável pelo setor de análise de legislação e aprovação de projetos de prefeitura.
Como esse tipo de comportamento é demonstrado dentro de casa, podemos dizer que a arquitetura tem forte influência. Se, antes, estudos já demonstravam isso, neste momento de pandemia, como dissemos anteriormente, no qual estamos passando mais tempo dentro de casa, essa questão tornou-se ainda mais debatida. De acordo com a arquiteta da InstaCasa, Nathalia Antunes, “arquitetura vai muito além de erguer paredes ou colocar quadros nas paredes, é projetar sonhos e transformá-los em realidade. A arquitetura influencia na saúde mental das pessoas, primeiramente, pois é a concretização desses sonhos. E a realização dos nossos sonhos e objetivos estão diretamente ligados à nossa saúde mental”.
Por isso, além de cuidarmos da nossa mente, precisamos cuidar, também, do ambiente no qual estamos inseridos.
Então, qual é a importância de um bom projeto de arquitetura para o indivíduo?
Ainda de acordo com Nathalia Antunes, um projeto de arquitetura de qualidade provoca ampla diferença no dia a dia do indivíduo.
“Uma arquitetura de qualidade tem o poder de mudar tudo a sua volta: do conforto até o humor das pessoas. Espaços bem pensados, com boa iluminação natural, com o dimensionamento correto, arejados através de uma boa ventilação, livres de mofo, com os mobiliários certos e com a decoração desejada, são capazes de deixar as pessoas felizes, confortáveis, saudáveis e até mesmo fazer com que elas durmam melhor. Da mesma forma, espaços mal projetados podem prejudicar a saúde das pessoas, tanto física quanto mental”, disse a profissional da InstaCasa.
Morar em um ambiente mal planejado ou no qual você não tem autonomia pode ser muito estressante. Ninguém consegue dormir em um quarto barulhento, ou que tenha a iluminação errada. Esse tipo de situação gera um desconforto enorme ao indivíduo, podendo fazer com que o mesmo perca o interesse em atividades que, anteriormente, lhe davam prazer.
Além disso, segundo a profissional, “estudos indicam que a falta de luz solar nos ambientes de atividades cotidianas, pode causar às pessoas sérios problemas psicológicos – como falta de disposição, perda de produtividade e até mesmo depressão”.

Uma casa com a sua cara sempre será a melhor opção!
Como explicamos no tópico anterior, uma casa bem projetada é capaz de melhorar (e muito) o humor e a disposição dos moradores, interferindo diretamente na saúde mental dos mesmos.
Por isso, consideramos um bom projeto aquele que atende às necessidades dos moradores. Isso significa um projeto de arquitetura com a sua cara. Se você é idoso, ou possui, entre os membros da família que habitará a casa, um parente na melhor idade, você precisará de uma casa mais acessível: superfícies antiderrapantes, com corrimão (em caso de escada), entre outros itens de segurança. Se você tem crianças em casa, ou é apaixonado por animais de estimação, provavelmente sonha com um quintal grande, para que os pequenos e os pets possam correr livremente.
Todos esses fatores influenciam a nossa mente e fazem com que nos sintamos, realmente, em casa. Um bom projeto de arquitetura, planejado para atender exatamente aquilo que você sonha, garantirá conforto a você e sua família. Não importa se a sua casa é grande ou pequena, e sim a sua identificação com a mesma e todos os seus ambientes, que podem ser impessoais ou carregados de personalidade, conforme o seu gosto.
Você pode, por exemplo, garantir que seus cômodos sejam bem iluminados de forma natural e, também, artificial. A escolha da janela correta influenciará nessa iluminação e, também, na ventilação, que precisa ser adequada, respeitando as normas da prefeitura do seu município.
Ainda, para garantir o conforto visual adequado, você pode optar por revestir as paredes dos cômodos com cores de acordo com o ambiente e o uso do mesmo. Por exemplo: escolha uma cor vibrante para uma parede da sua cozinha ou aposte em tons amarelos e vermelhos para os utensílios. Isso te deixará alerta e com fome, em um ambiente utilizado para o preparo das refeições. Já no seu quarto, opte por tons e revestimentos mais neutros, que te façam se sentir relaxado.

Utilizando-se da arquitetura, como diminuir os transtornos psicológicos e melhorar a qualidade de vida?
O Mês de Prevenção ao Suicídio não se aplica somente a uma parte da sociedade, mas a toda ela. Em um país no qual a maioria da população brasileira não tem acesso à arquitetura de qualidade e/ou não possui condições de contratar um profissional habilitado, e assim acabam optando por construir suas moradias por conta própria, precisamos debater medidas diárias que contribuem para a saúde mental e qualidade de vida da sociedade. “Arquitetura não é só casa, arquitetura é lar. Lar é o lugar onde as pessoas se sentem seguras, confortáveis e felizes. Mesmo sem ter condições de contratar um profissional, existem algumas atitudes que podem ajudar a transformar os ambientes e trazer mais conforto para a vida dos moradores”, explicou Antunes.

Algumas atitudes que exemplificam essa transformação ambiental são:
- Procurar deixar as janelas e portas abertas o máximo possível, visando arejar a casa através da ventilação dos ambientes. Caso já exista problemas como umidade e mofo, limpar o local e aplicar produtos adequados para combater o problema;
- Optar por móveis com dimensionamento adequado, de forma que a circulação interna não seja comprometida. Ou seja, não comprar móveis muito pequenos ou grandes demais para o tamanho dos cômodos;
- Pintar as paredes com cores agradáveis e do gosto dos moradores, repaginando os ambientes;
- Decorar os ambientes de acordo com o gosto e o bolso da família, buscando deixar a casa mais confortável e agradável para o dia a dia;
- Por último, mas não menos importante: trazer a beleza e a alegria das plantas para dentro de casa. As plantas são capazes de dar vida aos ambientes, mudando-os por completo. Experimente!
Para além da casa, a psicóloga Ana Carolina Molena ressalta uma lista de cuidados diários, que também promovem uma transformação, que devem ser tomados não somente agora, durante o #SetembroAmarelo, mas durante toda a vida. “Além da conversa com amigos e familiares, também é possível e recomendável buscar ajuda profissional. As unidades de saúde pública podem colaborar. Além disso, algumas atitudes podem te ajudar a passar por momentos difíceis e melhorar a qualidade de vida. É possível manter um diário para expressar suas emoções; praticar atividades físicas; praticar o autoconhecimento; refletir sobre o que gosta e o que não gosta; limitar, por meio do diálogo, suas preferências e sentimentos; fazer planos para o futuro; e identificar o real sentido da vida para você, com o autoconhecimento ou a prática de trabalho voluntário para entender e ajudar o próximo”, exemplificou.

Quando falamos sobre tais períodos de reflexão, prática de exercícios físicos e até mesmo sobre diálogos com terceiros, outro fator importante da arquitetura que devemos destacar é a ocupação dos espaços públicos da cidade. De acordo com Nathalia Antunes, “arquitetura é projetar espaços, é o abrigo de toda e qualquer atividade humana. Tudo é arquitetura: dentro ou fora. A arquitetura tem um papel importantíssimo na vida das pessoas, não só no que diz respeito ao conceito de abrigo (segurança e conforto), mas também em relação a beleza e harmonia dos ambientes, seja em casa, no trabalho, na rua, na academia, no parque, etc.”.
Por isso, além das paredes de uma casa, a arquitetura de qualidade, no geral, faz um bem “danado” para a nossa saúde mental – até mesmo em tempos de pandemia. “Os espaços, além de – necessariamente – serem funcionais, eles devem ser agradáveis. As pessoas precisam se sentir bem e acolhidas por esses espaços. Se você se sente seguro, confortável, rodeado de coisas agradáveis e bonitas, você se sente bem… Se sente feliz. E é a arquitetura a responsável por trazer isso à rotina das pessoas”, encerrou Antunes.

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Que matéria incrível <3
Ficamos felizes que você tenha gostado do conteúdo, Sarja. Não deixe de acompanhar o nosso blog! 🙂