Em qualquer conversa sobre reforma você verá alguém reclamando dos preços dos materiais de construção. “Ah, eu fui pintar as paredes de casa e gastei mais de R$ 500,00 em tinta”, ou “eu tentei dar uma repaginada no quarto das meninas, mas só os materiais para a preparação da parede ficaram uma fortuna”. Essa é a nova realidade do mercado de construção civil brasileiro, com preços acima da média e que fazem, muitas vezes, com que as pessoas adiem o sonho da casa própria.

Pensando em disponibilizar aos leitores do Blog InstaCasa uma série de dicas para economizar na hora de construir, convidamos o Arquiteto e Urbanista Rafael de Magalhães Almeida, Gerente de Desenvolvimento BIM na InstaCasa, para um #PapoDeEspecialista mais do que especial, para falarmos sobre algumas dicas importantíssimas para quem deseja economizar na hora de construir.
Quando uma pessoa pensa em construir uma casa de forma econômica, qual é a principal consideração que deve ser feita?
“Se quiser economizar mesmo, a primeira coisa é procurar um arquiteto, mesmo antes de se ter o terreno, pois mesmo que ele cobre uma consultoria para ajudar nessa etapa, ele será o mais indicado para integrar as necessidades do cliente com as possibilidades do lote, e este é o primeiro item: o lote. Além do custo do lote em si, tudo nele vai influenciar na conta final: o tamanho, o formato, a topografia, a orientação solar, a ventilação etc. A localização também importa: os custos vão variar com frete dos materiais e a disponibilidade de mão-de-obra no local. Depois disso vem o projeto, que começa com o programa, que é a lista dos ambientes e demais requisitos da casa, o arquiteto também vai ajudar a dimensionar o projeto otimizando os espaços com os desejos do cliente. Com o projeto vem escolhas importantes como os sistemas construtivos a serem adotados, o número de pavimentos, as especificações e acabamentos. O projeto é a etapa mais determinante no custo final da obra, o bom profissional vai ajudar com um projeto racional e especificações de materiais e acabamentos que equilibrem custos e desempenho. Um fator importantíssimo é a qualidade do projeto, e isso não quer dizer se é bonito ou não, quer dizer se o projeto está bem desenvolvido, com todas as soluções e detalhes bem apresentados, com todas as interferências verificadas, isso vai determinar quantos erros serão encontrados durante a obra. Erros de projeto ou falta de informações durante a obra podem causar impactos enormes nos custos e prazos finais, e pior, não estarão previstos, logo serão surpresas desagradáveis que podem ser minimizadas quando se tem um bom projeto. Somente com o lote bem escolhido e o projeto bem desenvolvido é que podemos falar em obra”, explicou Almeida.
Em seguida, vem a parte dos orçamentos. “Primeiro, sempre que possível, contratar um profissional que possa gerenciar a obra. Pode parecer um gasto adicional num primeiro momento, mas esse profissional terá a experiência necessária para fazer o planejamento da obra, verificação da execução, e se certificar da qualidade. Tentar tocar uma obra sem conhecimento técnico também vai trazer custos inesperados, pois obras envolvem muitas atividades, muitas etapas e muitos profissionais, ser aventureiro vai trazer riscos, inclusive para a integridade da obra depois de pronta, e isso não há dinheiro que pague”, citou.
Orçamentos são importantes para para um controle máximo sobre a obra. Nas obras onde há um gerente responsável, esse profissional também poderá indicar equipes e fornecedores de confiança, cuja qualidade do trabalho já tenha sido verificada, que atendam a obra de maneira eficaz e que cobrem valores justos. Aí não é hora de escolher pelo custo, pois vai valer a máxima de “você tem aquilo pelo que você paga”. Indicação sempre ajuda. “Ter boas referências, poder visitar obras executadas pelos profissionais ajuda a reduzir custos. Vale a pena pagar bons profissionais, não esqueça que o resultado do serviço é a sua casa, seu sonho, logo, você terá que conviver com os vícios e defeitos de obra por um longo tempo. Orçar vários profissionais e vários fornecedores ajuda a reduzir custos sim, mas sempre se certificando da qualidade e da confiabilidade e que receberá tudo conforme especificado e nos prazos corretos”, explicou Almeida.

Onde as compras de materiais de construção devem ser feitas?
Quanto a compra, é difícil comprar diretamente com fornecedores, mas você pode escolher entre uma grande rede, ou uma loja do bairro, e isso faz diferença. Conforme Almeida, “grandes redes podem ter melhores preços, pois como compram em grandes quantidades, conseguem negociar melhor com os fornecedores, mas geralmente não ficam próximo da obra e podem ter prazos de entrega longos. fornecedores do bairro possuem poucas opções, mas podem entregar rápido. Isso pode influenciar nos valores de frete e nos prazos de obra. Assim, pode ser uma boa comprar os materiais básicos (cimento, areia etc) em um fornecedor pequeno, mas próximo da obra, e os de acabamento em um fornecedor grande. A vantagem é que o fornecedor pequeno pode entregar rápido e teriam menor custo de frete para os materiais que são consumidos em grande volume, o que tem frete mais caro (como blocos por exemplo). Outra vantagem do fornecedor pequeno, é que no caso de faltar algum desses materiais durante a obra, ele poderia atender rapidamente, evitando atrasos e usar o fornecedor grande para os itens de acabamento, a pessoa se beneficia da maior variedade desses itens, e a compra pode ser feita antecipadamente, sendo que os prazos não afetariam a obra”, explicou.

Preço e qualidade significam as mesmas coisas?
Conforme Almeida, não. “Preço não é mais necessariamente qualidade. A maior parte dos materiais de construção precisam seguir normas técnicas, o que garante padrões mínimos de qualidade e segurança, procurar produtos com selo do Inmetro, por exemplo, ajuda. Também não é necessário estocar material, o ideal é receber os materiais com uns dias de antecedência, mas não é necessário estocar. Obra é um ambiente onde quanto mais limpo, menos materiais estocados, melhor. Assim, se minimiza o risco de se avariar alguma coisa, (por exemplo revestimentos cerâmicos, se ficarem na obra muito tempo, correm o risco de serem manipulados a todo momento, e se quebrarem, gerando prejuízos.”, finalizou.

Se você curte conteúdos sobre arquitetura, tecnologia e inovação, assine a newsletter do Blog InstaCasa e fique por dentro de todas as nossas novidades.