Arquitetura sustentável e econômica: é possível?

Publicado em 3 de junho de 2020

Tempo de leitura: 5 minutos

Quando associamos o termo “sustentabilidade” à arquitetura, muitas dúvidas podem surgir na cabeça de quem está pensando no assunto. Será que eu posso ter uma casa sustentável? Qual será o custo? Será que vale a pena? Qual será o real impacto da minha atitude?

Mesmo parecendo um assunto complexo, a arquitetura sustentável possui um objetivo muito simples. Trata-se de criar projetos arquitetônicos que causem menos impacto ao meio ambiente. Por isso, a arquitetura sustentável não é uma decisão estilística, mas sim econômica e importante para as futuras gerações.

Alexandre Hepner é BIM Manager e co-founder da InstaCasa.
Alexandre Hepner: arquiteto pela FAU-USP, mestrado em Desenho Urbano pela mesma instituição e em Sustainable Environmental Design pela Architectural Association de Londres. Foi sócio do premiado escritório de arquitetura Estudio Arkiz, professor nos cursos de graduação e pós-graduação em Arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie e do Centro Universitário Belas Artes. Atualmente é BIM Manager e co-founder da InstaCasa.

A sustentabilidade na construção civil, segundo o arquiteto e co-founder da InstaCasa Alexandre Hepner, pode ser dividida em duas etapas distintas: a construção da casa e sua vida útil. “Algumas pessoas, ao lerem sobre sustentabilidade na arquitetura, ficam na expectativa de soluções mirabolantes quando, na verdade, trata-se de uma questão de projetar bem e gerenciar bem (a obra), além de revisar hábitos pessoais”, disse.

Partindo desse princípio, então, a resposta para o título deste artigo é uma só: sim, é possível. Vamos desmistificar esse tema?

Como reduzir os impactos ambientais durante a construção?

Construir bem, sem desperdiçar material e evitando utilizar materiais de construção que tenham grande impacto ambiental é uma boa forma de colaborar com a natureza e fazer arquitetura sustentável. Para que isso aconteça, porém, é necessário um projeto de qualidade e a consequente contratação de profissionais capacitados para todas as etapas da obra.

“Se uma casa é bem projetada para resolver as necessidades da família que vai morar lá, significa também que não há desperdício de espaço. Por exemplo, se os ambientes estão bem dimensionados, os acessos e circulações estão bem pensados, a casa não terá áreas subutilizadas. É importante que a casa seja construída para ser aproveitada por inteiro. Assim, se a casa tem uma área que ninguém usa, ou usa muito pouco, além de ser um desperdício de dinheiro, também pode causar grande impacto ambiental. Isso acontece, principalmente, em termos de materiais usados”, explicou Hepner.

Com atitudes simples, é possível reduzir os impactos ambientais durante a construção.

Ainda de acordo com o arquiteto, um dos materiais mais impactantes é o concreto. “Sua produção industrial gera um impacto ambiental direto. Por isso, construir a casa do tamanho certo para a sua família, além de ser a melhor solução para o seu bolso, é o melhor para o meio ambiente”, disse.

Projeto de arqtuitetura da InstaCasa, com camada de laje de concreto.
Projeto criado pela InstaCasa.

Construtivamente, também é interessante que a cobertura da casa tenha um bom isolamento, como uma dupla camada de laje de concreto e, por cima, telhas ou uma cobertura metálica. Como a cobertura da casa recebe maior incidência de raios solares, é também a área que mais esquenta. Se existe essa dupla camada, uma espécie de “zona de amortecimento” do calor é formada com o aquecimento do ar que existe ali. Assim, sua casa não ficará quente na parte interna. É ideal que este espaço entre as duas camadas da cobertura seja ventilado, facilitando o escape do calor acumulado.

Outra boa solução sustentável é pintar a fachada da casa ou utilizar materiais de revestimentos com cores claras. Isso ajuda a acumular menos calor durante o dia, uma vez que cores claras são mais refletivas em contraste às cores escuras, que absorvem o calor.

Como um bom projeto de arquitetura pode influenciar?

Uma casa bem projetada é sinônimo de uma casa naturalmente confortável. Desta forma, ela gerará menos impacto ambiental e isso faz parte da arquitetura sustentável.

Confira, abaixo, duas das principais características de casas bem projetadas e, consequentemente, menos danosas à natureza:

  • Iluminação: Janelas dimensionadas e orientadas corretamente, em uma edificação com ambientes bem pensados, em termos de profundidade e conexão uns com os outros, a casa terá boa iluminação natural. Além de ser benéfica para a saúde, já que a luz do dia cansa menos os olhos do que a luz artificial, a economia no bolso também será alta. Menos lâmpadas acesas durante o dia é igual a menos gastos com energia elétrica e menos danos ambientais;
  • Ventilação: O raciocínio acima também vale para a ventilação. Uma casa bem ventilada naturalmente esquenta menos nos dias de altas temperaturas, deixando a vida do morador mais confortável. Assim, ele não precisará recorrer ao uso de soluções artificiais, como o ar-condicionado ou ventilador elétrico. Em alguns casos, se o projeto proporcionar a ventilação cruzada, é ainda melhor. Este tipo de ventilação faz com que o ar entre em uma janela do lado da casa, cruze os ambientes de maneira rápida e saia por outra janela do outro lado, levando consigo, assim, uma parte do calor acumulado dentro da casa.

Projeto de arquitetura criado pela InstaCasa
Projeto criado pela InstaCasa.

E o que fazer pelo meio ambiente durante a vida útil da casa?

Durante a vida útil da casa, a melhor forma de fazer a arquitetura sustentável é reduzindo os impactos ao longo do tempo. Para isso, segundo Alexandre Hepner, é preciso considerar alguns fatores. Por exemplo, uma residência econômica causa três tipos de impacto: hídrico, energético e de produção de lixo. Abaixo vamos explicar melhor sobre cada um deles.

  • Desperdício de água: O desperdício de água pode ser resolvido com melhores hábitos pessoais. Assim, usar o chuveiro somente durante o tempo necessário para fazer a higiene pessoal; reutilizar a água para limpar a calçada; reutilizar a água da máquina de lavar roupa, caso haja um sistema para isso; entre outros hábitos, podem contribuir positivamente. Um exemplo, também, é a implementação de sistemas de armazenamento de água da chuva para reuso. Esse tipo de tecnologia costuma ser mais cara, mas as atitudes básicas citadas acima já contribuem com o planeta! #ficaadica 😊  
  • Desperdício de energia elétrica: Os hábitos de utilização de energia elétrica também podem ser revistos ao longo do tempo. Você pode, por exemplo, usar menos energia com equipamentos elétricos adequados (trocando os mais antigos por novos, modernos e econômicos); com climatização (instalação de ar-condicionado inverter como substituto daqueles de parede); e com iluminação da casa (com iluminação natural, como explicamos anteriormente, e também com a utilização de lâmpadas de LED, que consomem menos energia). Além disso, outra opção é gerar sua própria energia elétrica utilizando painéis fotovoltaicos na cobertura. Não costuma ser economicamente acessível, mas também é uma opção que pode ser considerada.
  • Produção de lixo: A produção consciente de lixo é, essencialmente, uma questão de hábito pessoal. Você pode, por exemplo, evitar consumir produtos com muitas embalagens para descarte. Outra atitude fundamental é fazer a coleta seletiva do lixo, separando os materiais para a reciclagem adequada.
A reciclagem é uma das formas de contribuir com o meio ambiente.

Para que a arquitetura sustentável resista e seja passível de aplicação é, fundamental a educação ambiental de todos os envolvidos nos processos. Vamos, juntos, fazer do mundo (e da nossa casa) um lugar melhor para se viver? 😊

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