Você sabe o que é iluminação circadiana?

Publicado em 15 de outubro de 2020

Tempo de leitura: 5 minutos

O corpo humano funciona como um grande relógio que determina, por meio de sinais, qual é a hora de acordar, de dormir, de fazer suas refeições etc. Você pode notar, por exemplo, que, quando a noite cai, você começa a bocejar. Da mesma forma, depois de ficar muito tempo em frente a um computador ou em uma mesma posição, você precisa se espreguiçar para sentir o seu corpo, de alguma forma, relaxar. Isso acontece justamente por conta desse relógio, popularmente conhecido como “relógio biológico”.

E ao que esse relógio biológico responde? Às alternâncias entre o claro e o escuro, que aciona e regula as funções vitais do nosso comportamento, como o sono, o metabolismo, a temperatura corporal, os níveis hormonais e todas as demais funções que o nosso corpo exerce, acima de tudo, para sobreviver. Esse “jogo de iluminação” nada mais é que o ciclo circadiano, expressão do latim que significa circa (cerca) + diem (dia), ou seja, cerca de um dia.  

Então, a iluminação circadiana é o tipo de iluminação que obedece ao ciclo circadiano, e que busca aproveitar, por meio de projetos de arquitetura bem planejados e estruturados, os benefícios que este ciclo oferece ao ser humano, como o controle da temperatura corporal e a produção de hormônios que aliviam o estresse, gerando bem-estar aos moradores daquela edificação.

Mas por que o conceito de iluminação circadiana é relevante?

De acordo com Lorena Bloise, arquiteta da InstaCasa, a iluminação circadiana pode ser entendida como um dos conceitos da bioarquitetura. “A bioarquitetura busca proporcionar aos usuários de determinado espaço conforto e funcionalidade, respeitando o ecossistema. O prefixo bio significa vida e, aliado à arquitetura, demonstra a projeção de edificações mais ligadas ao natural”, explicou.

Assim, dentro desse contexto de procurar projetos mais próximos ao natural, o ritmo circadiano fica responsável por manter o corpo alerta durante as horas de claridade, e ajuda-o a relaxar à noite, e a iluminação circadiana, compreendida nesse conceito, é a responsável por isso.

Anos atrás, segundo a profissional, existia uma preocupação muito grande com a eficiência luminosa, e não em como isso afetava as pessoas. Entendendo o ciclo circadiano, nos dias de hoje, sabemos que o nosso organismo responde às variações de luminosidade. Por exemplo, a luz solar auxilia na produção de dopamina, responsável pelo prazer, alertar e coordenar os músculos; serotonina, que controla o impulso e o desejo por carboidratos; e o cortisol, que responde ao estresse. À noite, a melatonina é produzida em nosso corpo, o que nos permite dormir melhor.

Por isso, a iluminação circadiana busca criar um ambiente mais saudável para o nosso corpo por meio do uso correto das luzes e o seu real impacto em nossas funções vitais.

E como, na prática, a iluminação circadiana funciona?

De acordo com a arquiteta da InstaCasa, em julho de 2015, foi publicado o artigo O conceito da luz circadiana e suas implicações na arquitetura, assinado pela Arquiteta e Urbanista Betina Tschiedel Martau, que explica que a iluminação circadiana “busca definir a luz como um estímulo eletromagnético cuja radiação é, além de produzir estimulo visual, capaz de estimular biologicamente o sistema circadiano, que responde a esta radiação”.

Ainda de acordo com o artigo, além da quantidade, a luz tem outras propriedades que influenciam na saúde humana como o espectro (componente azul maior ou menor), a temperatura de cor correlata (mais alta ou mais baixa), a sua geometria (distribuição dirigida ou geral), a sua direcionalidade (de cima para baixo ou de baixo para cima), a duração da exposição (curta ou longa) e a sua variabilidade (estática ou dinâmica).

Assim, podemos perceber que a luz está diretamente relacionada com o nosso organismo, uma vez que suas propriedades são capazes de influenciar a nossa saúde. Por exemplo, expor-se sistematicamente a quantidades baixas de luz durante o dia e altas à noite é uma conduta prejudicial para o bem-estar do ser humano. É fácil perceber isso quando você trabalha, por exemplo, em um lugar sem janelas. Já notou que, após um longo dia de trabalho, dormir de noite, apesar do cansaço físico, pode ser difícil? Isso ocorre pela desregulação dos níveis dos hormônios cortisol e melatonina, por exemplo.

A arquitetura deve, por excelência, garantir, aos usuários, um conforto ambiental. “Conhecer a luz é essencial, já que definimos, por meio de projetos, as condições de iluminação natural e artificial. Conseguimos dispor janelas e dimensionar essas peças para garantir que a luz natural entre na casa, e conseguimos indicar qual tipo de lâmpada seria melhor para iluminar os ambientes artificialmente”, explicou Bloise.

E como já posso aplicar esses conceitos de iluminação na minha casa?

Você pode, por exemplo, utilizar lâmpadas capazes de gerar luzes “azuladas”, que reproduzem a luz do dia, e luzes “amareladas”, que reproduzem a iluminação noturna mais adequada à saúde humana, de acordo com o efeito que você quer causar no corpo humano.

Por exemplo, quanto mais alta a temperatura, mais clara é a tonalidade de cor da luz. E quando falamos em luz quente ou fria, lembre-se: não estamos nos referindo ao calor físico da lâmpada, e sim à tonalidade de cor que ela apresenta ao ambiente. Luz com tonalidade de cor mais suave torna-se mais aconchegante e relaxante, enquanto a luz mais clara é, também, mais estimulante.

Por isso, para muitas pessoas, é muito difícil dormir em um cômodo com a luz branca. Os níveis hormonais ficam desregulados e isso prejudica (e muito) a qualidade do sono de cada um, aumentando os níveis de estresse e provocando reações não tão agradáveis ao corpo e à mente. É necessário procurar, sempre, o que for mais confortável para os seus olhos e o que te faz sentir-se bem, longe de um estado absoluto de alerta durante todo o tempo.

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